ARTE
DRAG.

Homem que se veste de mulher, maquiagem completamente carregada e roupas exóticas, sendo por meio de diversão ou remunerado.Talvez assim pode-se iniciar uma definição simples, buscada no dicionário sobre o que são as Drag Queens. Porém, a palavra tem acima de tudo um significado muito maior e foi abraçada pelo mundo inteiro para estabelecer uma forma de arte.

COMO SURGIU?

Desde sempre, homens se caracterizam de mulher como uma demonstração artística. Na Grécia antiga, quando nascia o teatro, ao Kabuki no Japão, o papel da mulher era feito pelo sexo masculino, já que naquela época, elas eram proibidas de se apresentar nos grandes palcos.

A origem do termo “Drag Queen” é no mínimo intrigante. Alguns costumam dizer que em anotações dos seus textos, Shakespeare costumava escrever no final da página a palavra “Drag”, para se referir a determinados personagens femininos que seriam interpretados por homens. Essa anotação, vem do verbo “to drag”, arrastar traduzindo para o português, referindo-se ao fato das longas roupas que eram utilizadas deslizadas pelo chão

Outros acreditam que veio surgir em meados de 1800, como uma forma pejorativa de rotular os homossexuais. Ao mesmo tempo, surge Madam Pattrini, Drag performática, de Brigham Morris Young. Mais tarde, o termo ganhou significado mais especifico, sendo designado a qualquer pessoa do gênero masculino que se vestisse de mulher apenas para propósitos teatrais.

você
sabia?

No final do século XIX, um choque para a sociedade londrina: Frederick Park e Ernest Boulton começam a sair de casa como Fanny e Stella. Eles foram os primeiros homens a sair na rua vestidos de mulher – uma ousadia tão grande que a polícia abriu uma investigação minuciosa, do tipo que era feita apenas para criminosos extremos.

O termo Drag logo se tornou uma associação aos homens vestidos de mulher. No século XX, a arte começou a ser aperfeiçoada pela comunidade gay e logo o Queen foi adicionado. Dali, se tornou uma febre e foi tomando maiores proporções. As performances viraram um fenômeno dentro dos teatros da época. Um nome que se destaca é de Julian Eltinge, que brilhou com suas apresentações de comédia na Broadway, porém, foram nos pequenos teatros que ele criou uma identidade com seu público através das suas performances como Eltinge. Já na Europa, naquele mesmo momento, quem acenava com grande sucesso era Florin, performer de Paris.

A ARTE DRAG NA PRÁTICA:
NINA BRONX E
RAVANNA banks

Nina Bronx e Ravanna Banks, salvem esses nomes! Batemos um papo com as duas recém Drag Queens e elas nos deixaram por dentro desse mundo brilhoso, além de nos contarem um pouquinho sobre a experiência delas.

Everton, 19 anos, é estudante do ultimo ano do ensino médio. Ficamos sabendo que para montar a personalidade da Nina, ele escolheu as melhores características do Everton, e que entre eles dois não há muita diferença. Ele mora na casa da mãe, na baixada do Rio de Janeiro, mas também tem a casa da tia, que fica no Centro da cidade, é para lá que ele vai quando precisa se montar, pois considera a baixada perigosa para sair como Nina. Todo o seu aprendizado em relação à maquiagem dá-se pelo Youtube, ela nos disse que ficava horas assistindo vídeos, o que a fez aprender. E as roupas? Ah, as roupas... “São tudo da Rua da Alfândega mesmo” (BAPHOOOO!!!), ela diz em meio as risadas. Quando lembra da interação do público, dá para entender pelo modo de falar sobre o quão bem aceita ela é, e conseguimos até imaginar os gritos e aplausos que ela recebem quando está em cima dos palcos.

Lucas Norberto tem 17 anos, é estudante e maquiador. É ele que dá lugar à Ravanna, uma Drag totalmente detalhista, que se preocupa em trazer as características femininas ao máximo. Hmmm, fishy! Ele mora sozinho e costuma trabalhar maquiando à noite, quando surge algum evento. Até que na produção dos modelitos ele se dá bem, inclusive, se arrisca na costura! E sabe o que mais? Estão vendo essa peruca que ela está usando? Foi ele mesmo que fez (WOW!!!). Lacrou real, não é mesmo?

Super comunicativa, Nina se considera maluca, uma pessoa que ama dançar e que gosta de dar tudo de si em cima dos palcos (será que ouvimos Vogue e Death Drops?).

Quando estávamos conversando sobre o motivo do despertar delas para serem Drags, Nina revelou que o interesse vem desde a infância por conta de um quadro específico em um programa de TV, no qual as Drags “batiam cabelo”, ficando maravilhado.

Recém Drag, se imagina dançando horrores em cima dos palcos, além do bate cabelo de lei! Ela descobriu o interesse através do amigo Everton (Nina out of Drag), que fez com que procurasse saber mais do mundo performático, apaixonando-se pela arte e ganhando elogio das pessoas quando montada. Nos disse que não possui muita diferença no seu eu “in and out of drag”, a única coisa que tenta combater ao máximo é sua timidez. Contou que gostaria de ser a Ravanna toda vez que saísse de casa, e quem não ia querer?

Pela conversa, podemos ter a noção dos quão “pés no chão” Nina e Ravanna são, e se aceitam exatamente de seus jeitos, querendo cada dia mais avançar e aperfeiçoar os suas drags. Ao assumir as personagens, podem ganhar diversos insultos, sofrerem preconceito e se depararem com pessoas intolerantes, mas isso não faz com que o brilho acabe, só incentiva e dá forças para que continuem fazendo seus trabalhos de cabeça erguida.

Você pode saber mais sobre elas assisitindo os vídeos abaixo! Nina e Ravanna falaram sobre preconceito, inspirações e como foi o primeiro contato com a arte drag.

Fonte: Pinterest

INFOGRÁFICO CRONOLÓGICO

rupaul's drag race

RuPaul Andre Charles, é um ator, modelo, autor, cantor e mais conhecido como RuPaul nas suas performances como Drag Queen. Tornou-se famoso nos anos 90, quando surgiu em inúmeros programas, filmes e em álbuns musicais. Se consolidou com suas atuações montadas nas boates de Atlanta e Nova York. Mas foi no ano de 2009 que começou a ser muito mais venerado e reconhecido por todos.

Realizado pela produtora World of Wonder, originalmente para um canal pago, ele assumiu o reality RuPaul’s Drag Race, um dos mais famosos do mundo. De origem estadunidense, é idealizado e apresentado por RuPaul, onde procura uma Queen que possua carisma, singularidade, coragem e talento, que vai suceder ao título de “America’s Next Drag Superstar”.

Além de estar em alta, o programa é uma referência para essa cultura. Inúmeros seguidores buscam inspirações por meio dele. Dali costumam sair as maiores revelações no que diz respeito a essa arte de performances. Sharon Needles, Bianca Del Rio, Alyssa Edwards e Alaska Thunderfuck são exemplos e todas passaram pelas exigências requeridas por RuPaul e sua produção para atingir o patama da fama.

O espetáculo faz seleções entre os vídeos de inscrições, que são enviados pelos candidatos que devem ter no mínimo 21 anos. Ocorrem algumas pequenas disputas, com provas impares e irreverentes que exigem um limite de tempo para que sejam realizadas. Um desses mini desafios mais famosos são os ensaios fotográficos, que ocorrem geralmente no primeiro episódio. Os vencedores dos respectivos duelos, ganham alguma vantagem no duelo principal.

Com uma banca de jurados, eles dão sua opinião sobre tudo e auxiliam RuPaul no veredicto final. Afinal, a palavra dela é soberana. As vencedoras, tendem a permanecer no jogo, além disso ganham prêmios especiais desde acessórios para se montar até viagens. Após isso, as duas performistas com apresentações mais fracas vão para uma espécie de repescagem, tendo que dublar uma música escolhida pela produção. No fim, a apresentadora do programa decide quem permanece na competição e quem é eliminada

Fonte: Pinterest

THE TIME HAS COMe
O VOCABULÁRIO DRAG

Aposto que você ficou super interessado sobre o mundo drag, não é? Como diria Mamma Ru: The time has come!
Vamos entender um pouco mais desse vocabulário:

Acuendar: Ato de esconder o pênis para que não tenha volume na roupa.

Bate cabelo: Dança na qual movimentos rápidos são feitos com a cabeça, geralmente realizada no ápice da apresentação.

Babado: Fococa/Novidade.

Lip sync: Movimentar a boca para fingir ter a voz de cantores em apresentações.

Death Drop: Movimento em que a Drag dobra uma das pernas e deixa a outra esticada e se joga no chão.

Neca: Pênis

Shade: Comentário maldoso/Indireta

Mamma: Drags mais velhas, que ajudam as menos experientes.

Lacre/Tombamento: Atitude poderosa/Quando alguém manda bem em algo.

Lace: Tipo de peruca que dá a ilusão de que o cabelo realmente sai da cabeça.

Queen: Abreviação para Drag Queen.

Bapho: Muito legal

Vogue: Danças com poses geométricas de modelos das capas de revista de moda, como nas publicações da “Vogue”.

Fishy: Drag que visa chegar no feminino ao máximo.

Montação: Processo de maquiagem e roupas.

CARACTERíSTICAS E TIPOS DE DRAGs

Fonte: Pinterest

Se você acha que ser Drag tem relação com a sexualidade da pessoa, errou feio! Você não precisa ser gay para virar uma Drag Queen, apenas ter apreço pela arte já basta. Além do preconceito da sociedade com esse público, pelo motivo de grande parte serem homossexuais, as Queens são bastante divertidas e sabem como dar um show em cima dos palcos!

Algumas características e tipos específicos de Drags:

· Drags Campys: Drags bem caricatas, que buscam a raiz do movimento; Tornam as performances mais humorísticas e descontraídas.

· Top Drags: São as especialistas em performances (dublagens, danças e shows mais elaborados).

· Drags Andróginas: Apresentam características femininas e masculinas ao mesmo tempo.

· The Fish: Essas queens dão o melhor de si para que consigam chegar ao mais próximo possível da perfeição feminina, mas não de forma caricata.

Ficou com vontade de entrar no mundo drag?

Calm down, Beyoncé! Se montar de Drag Queen não é só ter vontade. Precisa de dinheiro, e além de tudo, tempo! Só para a sessão de fotos, Nina e Ravanna demoraram mais ou menos 6 horas se arrumando! Então, se você quer se montar, é melhor reservar algumas horas do seu dia, porque você vai precisar muito.

Quer começar e não faz ideia de quais são as peças necessárias para compor o look e o preço delas? Dá uma olhada!